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Detalhes para quê?

Claude Monet, "Ponte Waterloo"

Delicadeza, luz e cor – tudo isto pode ser observado nas obras de Monet e na pintura impressionista em geral. 

Um exemplo notável é ainda a pintura a aguarela, pela sua fluidez e transparência. 



E detalhes? Não necessariamente. Ou pelo menos, nem sempre é importante incluir muitos detalhes numa pintura para a tornar interessante.




Na pintura com aguarela, não é invulgar observar a forma como os artistas procuram incluir detalhes ou realces. Para o efeito recorrem a pinceis finos ou mesmo à ponta “afiada” dos seus grandes pinceis redondos.

Desta forma incluem pequenos pormenores aproveitando para riscar  com um objeto afiado (muitas vezes a unha) ainda com a tinta húmida, quer usando  pinceis mais finos para pintar após a secagem integral da pintura de base.

Também na pintura a óleo podemos usar pequenos pinceis para desenhar pormenores, deixando ou não secar parcial ou totalmente as camadas inferiores. E por outro lado, podemos recorrer por exemplo a uma espátula para riscar sobre a tinta húmida, produzindo-se linhas ou detalhes que expõem a tela, obtendo-se realces de luz (quando a tela é branca, claro). 

A importância dos detalhes na pintura naturalista


Na pintura naturalista de Bob Ross, para obter detalhes não necessitamos de usar pequenos pinceis nem de retratar miniaturas exatas dos objetos ou de uma folhagem. 

Uma área mais escura no fundo, um reflexo obtido com um toque de espátula, permitem produzir a ilusão do mesmo detalhe: uma folhagem delicada, um animal que espreita, uma flor que parece despontar. 

A utilização dos grandes pinceis na recriação de folhagem é um bom exemplo da espantosa facilidade com que se pode pintar com o método de Bob Ross. Um fator chave do sucesso deste método de ensino: 

Cada fio do pincel, cada pigmento misturado de forma grosseira e quase aleatoria e diretamente a partir da palete, permite gerar de forma incrivelmente simples a ilusão de miriades de pequenas folhas.

Temporada 28, Episódio 04, Golden Rays Of Sunlight, Bob Ross

No que diz respeito a pormenores, é certo que Bob Ross usava frequentemente a espátula para recriar ligeirissimos fios de luz, mas fazia-o sem precisão no traço, ou seja, como forma de sugestão de luz mais do que de recriação de um detalhe exato. Esta mesma técnica é ensinada e incentivada nas nossas aulas.

Na verdade, Bob Ross usava ainda o pequeno pincel (o "script liner" referido no artigo  Materiais e utensilios de pintura)  apenas para pintar raminhos com formas errantes, mas em particular... para o pormenor mais importante da nossa pintura:

Assinar o nosso nome no fim!



A ilusão dos pormenores


Como proceder então?

Dê um passo atrás. Observe a cena e imagine-a na sua mente. 

Depois debruce-se novamente sobre a tela e procure descobrir formas de reduzir os detalhes ou realces que pretende recriar, a apenas alguns pontos e “toques” com o pincel, procurando apenas “dar a ideia” do pormenor que quer produzir, em vez de tentar pintar a forma “realista” do mesmo. 

Pintar é experimentar, "deixar fluir", para que o processo seja uma aventura. 

Não receie recomeçar de novo se não gostou, a tinta a óleo é ideal nesse sentido, pois pode raspar, limpar e recomeçar vezes sem conta em virtude da secagem lenta.

Tente ir além das técnicas que aprendeu, use-as mas deixe que a sua intuição se sobreponha às mesmas. 

E acima de tudo, divirta-se!


Boas pinturas!

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