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Regras de composição

Bob Ross, Snow Birch, Temporada 26, episódio 7


As pinturas interessantes resultam em geral de boas composições e estas raramente ocorrem por acidente e, a não ser que o artista possua uma noção harmónica espontânea (a qual segue alguns princípios básicos ainda que o artista não seja consciente delas), requerem algum planeamento e familiaridade com os elementos visuais. 






Para aqueles entre nós que ainda não desenvolveram essa noção de um modo espontâneo, a compreensão das regras de composição (que são muito simples) pode ser uma forma fantástica de melhorar os nossos trabalhos! 



Continue a ler!




A composição refere-se à forma como dispomos os diversos elementos de uma pintura, tendo por objetivo criar um esquema cativante. Um pouco como posicionar bibelots em cima de uma estante. 

Uma boa composição torna a nossa pintura interessante. A verdade é que quando a composição é boa, nem damos conta dela e apenas sentimos ou achamos que a pintura é interessante e agradável, ao passo que uma má composição torna a pintura estranha, confusa e desagradável. 

Como em tudo, as regras são uteis quer para principiantes que querem obter bons resultados desde cedo, mas não devem ser esquecidas pelos profissionais. Mas não esqueça: na arte as regras existem para ser quebradas! 

Existem e regras elementares ou métodos para criar boas composições seja de desenho, fotografia ou pintura. São regras simples que poderão melhorar os seus trabalhos de forma dramática.





A Regra dos Terços




Esta regra é basilar para a composição e permite ao artista decidir como dispor os elementos ou formas na sua pintura e em particular, permite determinar o centro de atenção. 



O primeiro passo para aplicar esta regra é dividir a tela em três secções horizontais e verticais iguais, através do desenho de 2 linhas horizontais e 2 linhas verticais imaginárias (ver imagem). 


A regra estipula que devemos posicionar o centro da atenção num dos 4 pontos de intersecção das linhas verticais e horizontais (assinaladas na imagem), evitando-se assim a zona central da tela. 


Cria-se uma imagem harmoniosa posicionando o elemento que queremos destacar num desses pontos. 

Obtemos ainda equilíbrio na composição posicionando um objeto secundário na intersecção oposta. 

Finalmente, para obter melhores resultados, a linha do horizonte deverá ser posicionada numa das linhas horizontais, ou seja, acima ou abaixo da linha central da tela. 



Lakeside Cabin, Bob Ross, Temporada 10, episódio 13




Assim no exemplo em cima, a linha do horizonte a vermelho situa-se sobre a linha inferior e o tema principal, na intersecção inferior direita, dispondo-se um par de árvores junto à intersecção inferior esquerda (base) até à intersecção superior esquerda (copa). 



Encurtamento do retângulo 


Nesta técnica dividimos a tela ou uma área retangular, desenhando uma linha que corta a área mais longa esse retângulo de modo a criar um quadrado: 

A tela retangular foi "encurtada" (zona escura)


É dentro desta zona quadrada que devemos posicionar os elementos mais importantes da nossa composição, criando uma área de maior interesse. Mais uma vez, assume-se que a pintura se torna mais interessante quando evitamos centrar as imagens. 

Cypress Swamp, Bob Ross, Temporada 25, episódio 08


Aplicando esta técnica simples à pintura de uma paisagem, conseguimos criar composições unificadas, harmoniosa e equilibrada. Mas da mesma forma podemos aplicar a mesma técnica quando a tela é vertical, optando-se neste caso por posicionar os elementos na área quadrada superior ou inferior.



Proporção áurea



A regra dos terços e a do retângulo constituem variantes da regra da proporção áurea, mais complexa. Esta última regra segue um rácio ou proporção matemática (número de Fibonacci). A nossa atração por esta proporcionalidade relaciona-se muito provavelmente pelo facto da mesma ser abundante em toda a natureza (podemos observá-la por exemplo em conchas). Optar por usar esta regra ajuda-nos assim a criar pinturas “naturalmente” equilibradas e esteticamente atrativas. 


O rácio em causa é de 1:1.618. Mas felizmente existe um método mais simples de o determinar: usando um retângulo com a medida 1 de um dos lados e 1,618 (aproximadamente) do outro. Dentro deste retângulo desenhamos um quadrado (1x1) e outro retângulo com a proporção de 1:1,618. Podemos continuar a dividir o retângulo e quadrado tantas vezes quantas as pretendidas (até ao infinito). 

Assim:










Esta regra pode ser usada para criar equilíbrio e harmonia nas nossas pinturas. 


Para encontrar o ponto de interesse focal, não temos de desenhar a espiral, basta desenhar pelo menos uma linha vertical (encurtamento do retangulo) e com base nesta linha, desenhamos duas linhas cruzadas como na imagem em baixo. 

Obtemos então através das linhas diagonais que se cruzam, o mesmo ponto de foco, coincidente com a origem da espiral:







Esse ponto em particular é a chave, e a ideia é colocar o elemento que queremos realçar nessa área:





Days Gone By, Bob Ross, Temporada 20, episódio 10



Naturalmente que a área de foco não tem obrigatoriamente de se localizar no canto inferior direito, pode ser desenhada em qualquer canto. 

Podemos ainda definir mais que uma área de intersecção na tela, obtendo outros pontos de interesse para colocar objetos ou elementos secundários, tal como se sugeriu na regra dos terços. 



Boas pinturas!

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3 comentários:

Anónimo disse...

Sensacional! Montei o esquema utilizando o CorelDraw e funcionou perfeitamente.
Esta é a forma que sempre procurei.

Leonardo Da Vinci também utilizava a Proporção Áurea em suas composições.

Anónimo disse...

NA VERDADE A PROPORÇÃO NÃO É 1:1,6818
e sim 1:1,618.

Montei no CorelDraw e a única que encaixou perfeitamente foi esta.

DivinoMarcos Designer.

Unknown disse...

Olá, aparecia erradamente um "8" a mais numa das referências à proporção, aproveitei para corrigir.

Gratos pelos comentários e bom trabalho!

Aproveito ainda face à referência a Leonardo Da Vinci, para deixar o seguinte link: http://www.goldennumber.net/art-composition-design/

Este site exemplifica a aplicação da regra de ouro nas pinturas deste mestre.